quarta-feira, 30 de junho de 2010

Comparações

Ao bebé de Março de 2010 chamamos Teresinha. Foi uma gravidez impetuosa. Comecei a ter sinais muito cedo - o peito inchado e dorido, enjoos, cansaço, mal estar, a barriga a crescer...e de repente às 9 semanas, o coração não batia, a tal "gravidez não evolutiva".

Agora não me sinto assim. Sim, o peito está inchado. Sim, tenho náuseas, enjoos leves. Mas uma coisa suave, mais como me lembro do meu filho de 10 anos.

Se calhar vou mudar de médica. Estou a tentar marcar uma consulta. Até me sinto um bocadinho traidora. Mas não faz mal conhecê-la, ver como nos sentimos, eu e o pai.

Do pai falarei amanhã.

A viagem começa

meu amor pequenino, minha querida ervilha, semente, gota d'água



Hoje tive a certeza de que estamos a começar a nossa viagem juntos, nesta terra e neste momento, porque se calhar já nos conhecemos, já dançamos a vida há que vidas. Que sabemos nós?

De tanto esperar já quase perdi a esperança, a candura, a inocência. Depois de ter nascido o teu irmão, no longínquo ano 2000, já fiz dezenas de testes de gravidez.

3 deram positivo.

O primeiro, em 2002, resultou numa gravidez ectópica (fora de casa). Depois passaram 8 anos, 5 dos quais a enfrentar todos os meses a infertilidade.

O segundo, em Março deste ano, resultou numa "gravidez não evolutiva", num aborto, num pesadelo.

Tenho 38 anos. O teste que fiz hoje deu positivo. Se as minhas contas derem certas, o bebé nascerá em Março. Se Deus quiser, se correr tudo bem.

Sinto-me estranha, a pairar na irrealidade, ou na realidade. Decidimos desta vez não contar a ninguém para já. Festejar entre os dois.

Mas preciso reflectir e também preparar-me para o que aí vem: a minha vida a mudar, a mudar, a mudar.

Então vou fazer neste blogue o diário desta viagem, que faremos juntinhos, o mais juntinhos que dois seres humanos podem estar.

Serei honesta, mesmo que doa. Serei incoerente. Serei eu a coberto do anonimato.

Se vieres mudar a minha vida, meu amor, um dia partilharei contigo estas memórias.